Em 2024, a busca por melhores condições de saúde e segurança no ambiente de trabalho se tornou um ponto central nas negociações e paralisações por todo o país. Um levantamento recente do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), compilado no Caderno de Negociações, revela que 130 greves tiveram como pauta principal a saúde e a segurança dos trabalhadores.
A Pauta da Saúde e Segurança: Um Raio-X das Reivindicações
As demandas por saúde e segurança variam consideravelmente entre os setores público, privado e estatal, refletindo as particularidades de cada realidade:
Setor Público: Adequação do Local de Trabalho em Primeiro Plano
No setor público, servidores públicos foram responsáveis por 51% das greves focadas em saúde e segurança, com a adequação do local de trabalho sendo a reivindicação predominante (82% das 54 greves).
Prioridade: Profissionais da educação e saúde clamam por reparos e reformas urgentes em escolas e unidades de saúde, evidenciando a precarização da infraestrutura em muitos locais de trabalho.
Adicional de Insalubridade: Em segundo plano, mas ainda relevante (15% das greves), o reconhecimento do caráter insalubre de certas atividades e o pagamento do adicional correspondente também figuram entre as demandas.
Setor Privado: Segurança, Local de Trabalho e Manutenção em Destaque
No setor privado, responsável por 42% das greves com foco em saúde e segurança, a pauta é mais diversificada:
Condições de Segurança: 41% das greves levantaram questões relativas às condições gerais de segurança no trabalho.
Local de Trabalho: Reivindicações relacionadas ao local de trabalho aparecem em 39% das greves, praticamente empatadas com as questões de segurança.
Manutenção de Máquinas: A necessidade de manutenção regular das máquinas é uma preocupação presente em 24% das paralisações.
EPIs e Insalubridade: O fornecimento adequado de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e o pagamento do adicional de insalubridade também surgem, cada um em 17% das greves.
Setor Estatal: Foco na Adequação e Condições de Segurança
Nas empresas estatais, que representam 7,7% das greves com pautas de saúde e segurança, a adequação do local de trabalho se mantém como a principal reivindicação (80% das 10 greves). Além disso, as condições de segurança são questionadas em metade das paralisações (50%).
Negociações Coletivas: Reajustes Acima do INPC e Disparidades Salariais
Em fevereiro de 2025, as negociações coletivas apresentaram um cenário positivo, com 87,4% dos 127 acordos resultando em reajustes salariais acima do INPC-IBGE. No entanto, as disparidades salariais entre as categorias profissionais persistem.
Pisos Salariais: Os profissionais liberais lideram com o maior valor médio de piso salarial (R$ 3.419), enquanto os trabalhadores do setor de turismo e hospitalidade enfrentam os menores pisos (R$ 1.635).
Desempenho Setorial: Setores como transportes e construção apresentaram melhores resultados nas negociações, enquanto profissionais liberais e de processamento de dados tiveram desempenhos menos satisfatórios.
Mercado de Trabalho: Saneamento em Expansão, Investimento em Educação Aquém do Necessário
Entre 2021 e 2024, o setor de saneamento demonstrou um crescimento notável, criando 40 mil postos de trabalho, um aumento de 25%. No entanto, o investimento em educação ainda preocupa.
Saneamento: O setor privado liderou a criação de vagas (50 mil), enquanto o setor público registrou uma perda de 10 mil postos. A região Sudeste concentra a maior parte dos empregos (48%), mas o Centro-Oeste (+22%) e o Norte (+18%) apresentaram um crescimento mais expressivo.
Educação: Em 2024, 16 estados investiram menos de 1% do mínimo exigido em educação, indicando que o investimento pode ser mais uma resposta à obrigação fiscal do que uma estratégia de desenvolvimento educacional.
Saúde Mental: Síndrome de Burnout em Ascensão
O aumento dos casos de esgotamento profissional, com destaque para a Síndrome de Burnout, chama a atenção para a saúde mental dos trabalhadores. Fatores como o aumento na intensidade e no ritmo de trabalho, longas jornadas, pressão por resultados e a introdução de novas tecnologias contribuem para o adoecimento mental.
Cesta Básica: Aumento Generalizado em Fevereiro
Em fevereiro, o custo da cesta básica aumentou em 14 das 17 capitais pesquisadas pelo Dieese.
Aumentos: Recife (4,44%), João Pessoa (2,55%), Natal (2,28%) e Brasília (2,15%) registraram as maiores altas.
Reduções: Goiânia (-2,32%), Florianópolis (-0,13%) e Porto Alegre (-0,12%) apresentaram quedas no custo da cesta básica.
Variação de Custos: O custo da cesta básica variou entre R$ 580,45 (Aracaju) e R$ 860,53 (São Paulo).
Alimentos em Destaque:
Café em Pó: Aumento em todas as cidades pesquisadas devido aos baixos estoques e à demanda internacional.
Tomate: Alta em 15 capitais devido às chuvas e à menor oferta nas regiões produtoras.
Carne Bovina de Primeira: Ficou mais cara em 11 capitais devido ao aumento das exportações.
Óleo de Soja: Diminuição do preço em 16 capitais devido à colheita da safra 2024/2025.
Feijão: Redução do custo em 16 capitais devido à menor demanda e ao avanço da colheita.
Batata: Queda do preço em sete das 10 cidades do Centro-Sul, mas as chuvas prejudicaram a qualidade em algumas cidades.
Arroz Agulhinha: Diminuição do preço em 13 cidades devido à nova safra e à necessidade de liquidação de estoques.
Salário-Mínimo Necessário: Quase Cinco Vezes Superior ao Oficial
O cálculo do Dieese aponta que o salário-mínimo necessário para sustentar uma família de quatro pessoas (dois adultos e duas crianças), conforme previsto na Constituição Federal, seria de R$ 7.229,32. Esse valor é quase cinco vezes superior ao salário-mínimo oficial de R$ 1.518,00.
A luta por condições de trabalho mais justas e por uma sociedade mais equitativa ganha um novo e poderoso capítulo:
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