
Por Luciana Arcanjo / Por Raimunda Leone
Neste 25 de julho, celebramos o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. A data é mais que um marco: é um chamado à reflexão sobre trajetórias de resistência e o papel fundamental das mulheres negras na construção, defesa e transformação da sociedade brasileira. Em meio às adversidades históricas e desafios atuais, relembrar as contribuições de figuras como Aqualtune e Tereza de Benguela é essencial para dimensionar a luta que persiste no mercado de trabalho e na política.
A história das mulheres negras no Brasil começou sob o signo da violência e do deslocamento forçado. Por séculos, mulheres foram retiradas da África, sobreviveram ao tráfico transatlântico e à exploração escravocrata para, ainda assim, erguerem quilombos e articularem formas de resistência.
Aqualtune, uma das primeiras líderes quilombolas, tornou-se símbolo desse movimento de insurgência. Seu legado é revisitado atualmente não apenas pelo movimento antirracista, mas também pelo sindicalismo, que encontra, em sua resistência, as raízes da luta de classes e da denúncia contra as condições desumanas de trabalho.
Tereza de Benguela, conhecida como “Rainha Tereza”, deu continuidade a esse legado ao liderar, por duas décadas, o Quilombo do Quariterê no Mato Grosso, enfrentando as investidas do colonialismo e do patriarcado. Desde 2014, seu nome é celebrado oficialmente, impulsionando uma releitura crítica da história nacional e desmistificando o papel dos chamados “desbravadores”.
A herança do racismo estrutural ainda marca o cotidiano das mulheres negras brasileiras. Dados do IBGE e do governo federal atestam a magnitude das disparidades:
Além da desigualdade salarial, há uma divisão sexual do trabalho que sobrecarrega as mulheres e torna ainda mais difícil o acesso e a permanência no mercado formal, consolidando jornadas duplas e triplas.
O cenário político reflete – e alimenta – as desigualdades estruturais. Mesmo com avanços pontuais, o Brasil ocupa a 133ª posição no ranking global de mulheres no parlamento. Elas são apenas 18,1% dos deputados federais e 19,8% das senadoras, números que evidenciam a sub-representação mesmo em um país onde as mulheres são maioria da população.
Cotas eleitorais, como a obrigatoriedade de 30% de candidaturas femininas, são um passo necessário, mas insuficiente. A ampliação da participação política requer políticas de reserva efetiva de vagas e fortalecimento das lideranças negras, para que não sejam apenas candidatas, mas também eleitas e ativas na defesa de direitos.
Combater as desigualdades de gênero e raça exige ação ativa de sindicatos e movimentos sociais. É fundamental priorizar pautas como:
Na arena política, é urgente a aprovação de novas legislações que ampliem as cotas e garantam uma presença mais expressiva e decisiva das mulheres negras nos espaços de poder, para que suas vozes e demandas sejam de fato ouvidas e representadas.
A memória de Aqualtune, Tereza de Benguela e tantas outras heroínas negras não é apenas inspiração: é um compromisso de continuidade e transformação. O reconhecimento histórico deve ser traduzido em ações concretas, capazes de romper com ciclos de exploração, exclusão e sub-representação. Que este 25 de julho renove nossa energia e consciência coletiva para juntos, construir um Brasil onde ser mulher e negra não signifique, jamais, subalternidade ou silenciamento – mas sim, protagonismo e conquista.
A resistência das mulheres negras continua, e todas e todos temos um papel a cumprir nessa luta.
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