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Avanços para o Sindicalismo Classista

4º Congresso da CTB: balanço e opinião da FITMETAL

4º Congresso da CTB: balanço e opinião da FITMETAL

Muitos dos debates e das deliberações do Congresso da CTB serão decisivos para as próximas batalhas do sindicalismo, já sob os marcos da retrógrada reforma trabalhista. Entendemos que o Congresso nos ajuda a iluminar caminhos e saídas à crise.

g_not_1504538426Os presidentes da CTB, Adilson Araújo, e da FITMETAL, Marcelino da Rocha, ao lado da delegação de metalúrgicos e metalúrgicas presentes no Congresso da Central

Cinquenta dirigentes e lideranças da categoria metalúrgica participaram em Salvador (BA), entre 24 e 26 de agosto, do 4º Congresso Nacional da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil). A mobilização para o encontro – um dos maiores e mais importantes na história do sindicalismo classista – foi cercada de simbolismo e expectativa.

Desde que a CTB deu a largada para o Congresso – com suas etapas regionais e preliminares –, nós, da FITMETAL (Federação Interestadual de Metalúrgicos e Metalúrgicas do Brasil), encaramos essa pauta como uma agenda prioritária. Fundada em 1º de junho de 2010, em São Paulo, durante a realização da 2ª Conclat (Conferência Nacional da Classe Trabalhadora), a FITMETAL sempre partilhou dos princípios da CTB.

Desde nossos primeiros passos, levantamos a bandeira de valores como o sindicalismo classista, a unidade do movimento sindical e a defesa de um projeto nacional de desenvolvimento com valorização do trabalho. As duas entidades, ao longo dos anos, fizeram incontáveis ações conjuntas, aderiram a campanhas comuns e travaram lutas lado a lado. Até que, em nosso 2º Congresso, no último mês de maio, em Guarulhos (SP), a FITMETAL aprovou a filiação à CTB – o que estreitou e fortaleceu ainda mais nossos vínculos.

A filiação ocorreu num momento em que as duas entidades estavam em ascensão. Desde 2013, ocupamos a Secretaria-Geral da UIS MM (União Internacional Sindical de Metalúrgicos e Mineiros). Em 7 de janeiro de 2016, alcançamos nosso reconhecimento formal junto ao Ministério do Trabalho. Hoje, a FITMETAL representa cerca de 400 mil metalúrgicos e está presente em dez estados, com uma base que reúne entidades filiadas e parceiras, núcleos de base e oposições.

Já a CTB – que completa dez anos em dezembro de 2017 – chega à primeira década de vida com 1.200 sindicatos filiados e mais de 10 milhões de trabalhadores na base. Não à toa, os congressos estaduais elegeram nada menos que 1.200 delegados para o Congresso Nacional. O prestígio cetebista cresce no movimento sindical brasileiro e também no sindicalismo internacional, a ponto de a Central ser cada vez mais influente na FSM (Federação Sindical Mundial).

Em julho, CTB e FITMETAL, em parceria com dezenas de sindicatos, lançaram a Campanha em Defesa da Indústria Nacional, do Emprego e da Retomada do Crescimento Econômico. Um manifesto assinado por essas entidades alertava para a desindustrialização da economia brasileira, o desmonte de setores como a indústria naval e o crescimento do desemprego. Segundo o documento, é fundamental viabilizar as condições para a reindustrialização do Brasil, sem perdas para a classe trabalhadora.

Já em 15 de agosto, FITMETAL, CTB e outras entidades deram início a um Ciclo de Debates, com o tema “Indústria e Desenvolvimento – Estratégias para Superar a Crise e Construir um Novo Projeto Nacional”. A primeira atividade, em São Paulo, incluiu a participação de estudiosos renomados do tema, como Luiz Carlos Bresser-Pereira (Fundação Getúlio Vargas), Clemente Ganz Lúcio (Dieese) e Marilane Teixeira (Cesit/Unicamp).

Portanto, o 4º Congresso Nacional da CTB emergiu num período de aproximação entre as entidades e intensificação das lutas conjuntas. Além disso, foi a primeira vez que a FITMETAL participou de um Congresso da CTB na condição de entidade filiada.

Afora a parceria crescente, é tempo de unidade máxima para enfrentar os efeitos perversos da crise e da reforma trabalhista. Sem uma atuação unitária, as entidades sindicais não terão forças e condições para enfrentar essa “tempestade perfeita” em curso. No mundo, à crise internacional se soma o avanço das ideias conservadoras e das vitórias eleitorais da direita. No Brasil, estamos sob um cenário de desindustrialização e desnacionalização do setor produtivo, recessão econômica e desemprego em alta, golpe e crise política, reformas ultraliberais e retirada de direitos.

Assim, como expressamos em público, a participação de 50 metalúrgicos e metalúrgicas no Congresso cetebista revela nossa presença qualificada e representativa nas seções estaduais da Central. É também um reconhecimento da CTB à relevância, à legitimidade e à atualidade de nossas lutas.

A nossa participação

As contribuições da FITMETAL ao Congresso da CTB foram além da importante mobilização de lideranças sindicais metalúrgicas. Sob a coordenação do nosso secretário de Políticas Internacionais, Francisco Sousa, assessores da Federação foram integrados ao estafe do Encontro, em particular no apoio às 71 representações de 26 países que integraram a delegação internacional.

O intercâmbio nos permitiu dar mais publicidade ao 3º Congresso da UIS MM, a ser realizado de 23 a 25 de abril de 2018, no Cairo (Egito), com o lema “Unidade de Ação, Resistência e Luta contra os Avanços do Imperialismo”. Auxiliamos a realização do seminário internacional “A Crise Capitalista e os Impactos no Mundo do Trabalho”, organizado pela CTB em 24 de agosto, no contexto do Congresso.

Um dia depois, estivemos envolvidos na visita de parte da delegação internacional ao complexo Ford Brasil, em Camaçari (BA). Recepcionada pelo presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari, Júlio Bonfim, a comitiva foi liderada pelo vice-presidente da FITMETAL e deputado federal, Assis Melo, com a presença de mais dois dirigentes da Federação – Eremi Melo (secretária da Mulher) e Sergio Miranda (membro da Direção Plena).

Já a Secretaria de Comunicação, com a companheira Andreia Diniz à frente, planejou-se no sentido de ampliar a visibilidade da FITMETAL no Congresso, bem como em divulgar o encontro em nossos veículos institucionais. Os investimentos tiveram retorno acima do esperado. Foi o caso de nosso vídeo institucional sobre o Congresso da CTB, com uma mensagem do presidente da FITMETAL, Marcelino da Rocha. A gravação alcançou mais de 10 mil pessoas apenas no Facebook.

Da mesma maneira, a Federação apareceu com destaque na “Visão Classista”, a revista da CTB, que teve edição especial no Congresso. Uma matéria de três páginas sobre os “desafios da categoria metalúrgica” deu voz a seis dirigentes da FITMETAL, sobre temas como resistência ao governo Temer, construção da nossa confederação nacional e a força das mulheres metalúrgicas. Em intervalos do Congresso, membros da direção executiva da Federação – como o presidente Marcelino da Rocha e os secretários Marcelo Toledo (Formação) e Raimunda Leoni (Finanças) – concederam entrevistas a veículos presentes.

As bandeiras de luta da FITMETAL permaneceram em evidência ao longo da programação. Contribuiu para isso a decisão da CTB de disponibilizar, para cada delegado, uma cópia do “Manifesto em Defesa da Indústria Nacional”, encampado especialmente pela Central, pela Fitmetal e entidades de base.

Mas nossa participação no “Seminário Internacional” da CTB sobressaiu pela capacidade de intervir na discussão “no calor da hora”. O Seminário abordou o status atual da crise do capitalismo iniciada em 2007/08, os potenciais impactos da chamada “Revolução 4.0” (ou 4ª Revolução Industrial), o enfrentamento à globalização neoliberal e a solidariedade internacional entre os trabalhadores.

Foi nesse momento que Marcelino da Rocha, convidado a comentar os debates em nome da FITMETAL, apresentou um contundente panorama da categoria metalúrgica no Brasil. O presidente da Federação denunciou a “montanha-russa” do emprego no setor – que praticamente dobrou entre 2003 e 2013, mas, desde então, encolhe ano a ano. Foram 544 mil empregos formais perdidos no último quadriênio. A participação da indústria de transformação no PIB nacional – que já foi de 21,6% em 1985 – pode cair para menos de 10% em 2017.

Segundo Marcelino, “a indústria é um dos setores mais prejudicados com a crise que atinge o Brasil – e o reflexo para a classe trabalhadora é imediato. Cada emprego direto na indústria metalúrgica pode gerar mais dois ou três empregos indiretos. Por isso, o impacto vai além da nossa categoria”.

O presidente da FITMETAL aproveitou a ocasião para apresentar aos presentes a campanha “Brasil Metalúrgico”, que une entidades de trabalhadores da categoria de todo o País, ligadas às mais diversas centrais e tendências sindicais. Marcelino convidou outras categorias ligadas à indústria a aderirem à campanha – que vai promover um Dia Nacional de Lutas (em 14 de setembro) e uma Plenária Nacional dos Trabalhadores da Indústria (no dia 29). Conforme enfatizou o dirigente da FITMETAL no Congresso da CTB, “é a primeira vez que há uma união dos metalúrgicos dessa dimensão desde o governo FHC”.

A abertura do Congresso, na noite do dia 24, foi prestigiada por autoridades políticas do PCdoB, do PSB e do PT; sindicalistas de outras centrais sindicais (CUT, Força Sindical, Nova Central e UGT); lideranças dos movimentos social, comunitário, estudantil, feminista e antirracista. Desde o primeiro dia de programação, a direção da CTB, à frente do Congresso, enfatizou a necessidade de buscar mais diálogo junto às bases de trabalhadores, bem como a unidade de ação no movimento sindical. A “central que mais cresce no Brasil” acerta ao apostar na construção de consensos entre os trabalhadores e as entidades sindicais, a fim de enfrentar um cenário repleto de adversidades.

Em 25 de agosto, no segundo dia do Congresso da CTB, a FITMETAL realizou uma reunião com os sindicalistas metalúrgicos presentes. As contingências da programação congressual forçaram a reunião a se restringir, essencialmente, a informes. Mesmo assim, foi possível detalhar ao coletivo a estratégia de atuação da FITMETAL na campanha “Brasil Metalúrgico” e estimular a realização de novos eventos no âmbito do Ciclo de Debates sobre “Indústria e Desenvolvimento”.

O último dia de Congresso, marcado pela aprovação do Plano de Lutas e pela eleição da nova diretoria, reafirmou o compromisso da CTB em liderar a causa de um novo e consequente projeto nacional de desenvolvimento. Conforme deliberaram os delegados do Congresso, essa batalha precisa ter como foco a retomada dos investimentos públicos, a reindustrialização do País, o crescimento econômico e a valorização do trabalho.

A exemplo do que expunha o slogan do congresso – “Democracia e Luta em Defesa do Emprego e dos Direitos” –, o Plano de Lutas chama o sindicalismo classista a mobilizar as bases sindicais e conscientizar a classe trabalhadora, com o objetivo de reagir à ofensiva da direita, do capital e dos rentistas. Ao mesmo tempo, a CTB se propõe a lançar saídas, propostas e projetos, de modo a ter rumo e protagonismo na luta por um novo ciclo de avanços para os trabalhadores.

Nova direção e próximos passos

Fruto desse espírito de unidade, coesão e amplitude, a nova direção da CTB foi eleita na etapa final do Congresso e é encabeçada pelo companheiro Adilson Araújo, reeleito presidente da Central. Vale ressaltar que, minutos depois do final do Congresso, Adilson deu uma entrevista exclusiva ao Portal da FITMETAL, na qual valoriza a parceria entre as entidades e a unificação das lutas da categoria metalúrgica:

Portal da FITMETAL: A CTB lançou, em parceria com a FITMETAL, um manifesto em defesa da indústria nacional, da retomada do crescimento e da geração de empregos. Qual será o papel dos metalúrgicos e dos trabalhadores da indústria nesta nova fase?

Adilson Araújo: Vivemos um processo dramático, em que o Brasil está refém da desindustrialização. A motivação do governo, ao que nos parece, é abrir as porteiras para as empresas de capital estrangeiro – que, uma vez instaladas aqui, não vão gerar riquezas para o nosso povo. O interesse das multinacionais e do rentismo é extrair o máximo do lucro e depositá-lo lá fora. Com isso, o Brasil perde conteúdo local, engenharia nacional e empreendimentos estratégicos para o futuro.

A CTB, a FITMETAL e os sindicatos do setor metal-mecânico estão apostando numa campanha nacional. Uma nação deve se empoderar, promover investimentos, fortalecer sua indústria e torná-la competitiva, garantir que o país cresça e se desenvolva. Por isso, aprovamos, em consenso, a ideia de um manifesto. Fizemos uma nota técnica sobre a indústria, tecendo opiniões, apresentando os dilemas, mostrando as contradições. Já provocamos um diálogo com o setor produtivo e com as centrais sindicais.

A FITMETAL está bem sintonizada nesse sentido e começa a se movimentar. A campanha “Brasil Metalúrgico” vai ajudar – e muito –, porque precisamos entrar nesse debate e dialogar com a classe trabalhadora. Os metalúrgicos e os trabalhadores da indústria serão os alicerces dessa grande batalha. Vamos lutar para que o Brasil reencontre o caminho do crescimento econômico, com atenção especial à centralidade do trabalho. Tão necessário quanto compreender o desenvolvimento nacional é valorizar o trabalho e o trabalhador.

Por fim, registramos que 11 dos 122 integrantes da nova direção da CTB (gestão 2017-2021) têm origem metalúrgica. A companheira Mônica Custódio, dirigente do Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro (RJ), continuará à frente da Secretaria de Políticas de Promoção de Igualdade Racial da Central. Há representantes da FITMETAL e das entidades de base tanto na direção executiva eleita da CTB (caso de Marcelino da Rocha, Jesus Cardoso e Julio Bonfim) quanto na direção plena (Alex Santos Custódio, Assis Melo, Aurino Pedreira, Claudecir Monsani e Todson Andrade).

Na medida das demandas apresentadas e de nossas possibilidades, avaliamos que a FITMETAL cumpriu papel no Congresso da CTB. Marcamos presença em várias frentes, seja na eleição de delegados à etapa final, seja no apoio à organização do evento, seja ainda nas contribuições a um ponto de vista avançado da Central, em defesa do desenvolvimento, da indústria nacional e da valorização do trabalho.

Muitos dos debates e das deliberações em voga no 4º Congresso da CTB serão decisivos para as próximas batalhas do sindicalismo, já sob os marcos da retrógrada reforma trabalhista. Entendemos que o Congresso nos ajuda a iluminar caminhos e saídas à crise. É preciso que, nessa nova conjuntura, CTB e FITMETAL estreitem relação, avancem também numa plataforma de defesa dos trabalhadores da indústria e busquem mais protagonismo para o sindicalismo classista. A campanha “Brasil Metalúrgico” – que ganhará força em setembro – pode ser um bom pretexto para progredirmos, de mãos dadas, na nova fase.

São Paulo, 4 de setembro de 2017

A diretoria da FITMETAL

Tags: ctb fitmetal sindicalismo classista reforma trabalhista uis mm

POR FITMETAL

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