O Sindicato surgiu na cidade de Amparo, no fim da década de 80. Mesmo com o sindicalismo despontando com todo o fervor, principalmente na capital e no ABC paulista, a realidade no interior era bem diferente. Beirando o coronelismo, direito do trabalho era algo que só existia no papel e distante das fábricas da região. Muitos trabalhadores tinham empregos análogos à escravidão. E, para piorar, a falta de informação e de organização destes trabalhadores só colaborava ainda mais para que os donos das empresas pudessem lucrar incessantemente – às custas da saúde e até da vida destes trabalhadores.
Com o descontentamento cada vez maior da classe operária amparense não tardaria a aparecer alguma mobilização que reivindicasse seus direitos. E é neste momento que uma mulher e seu marido deram origem ao que um dia se tornaria o SindMetal Jaguariúna e Região.
Início de 1986. Márcia Regina Roza Althman da Silva era uma esposa dedicada que zelava por seu marido. Trabalhador da indústria metalúrgica, Roberto Ribeiro da Silva chegava a perder três camisas por semana na solda, furadas à brasa. “Era uma situação horrível. Eu via as camisas todas estragadas, e a gente sem dinheiro para comprar outras, sem contar as queimaduras na pele. Os patrões não davam uniformes nem equipamentos de proteção”, conta Márcia, lembrando ainda de diversos outros danos à saúde de Roberto.
Cientes dos riscos (perseguição no emprego e demissão), o casal acreditou que necessitava dar a partida para unir os trabalhadores e montar uma associação. Roberto trabalhava durante toda a madrugada e, pela manhã, não tinha condições de procurar os outros trabalhadores. Com uma força de vontade incomensurável, Márcia, mesmo sem ser operária metalúrgica, correu atrás dos companheiros de fábrica de seu marido e familiares. De porta em porta buscou líderes que se sentissem capazes de lutar a favor de seus direitos. “Foi muito difícil. As pessoas não acreditavam quando me viam. Uma mulher correndo atrás dos direitos de seu marido, enquanto eles, homens, sentiam-se com medo de perder seus empregos”, cita ela, com emoção.
Apesar da extrema dificuldade, seu esforço deu resultado. Márcia, enfim, conseguiu reunir um grupo satisfatório de pessoas engajadas na luta. E no dia 3 de agosto de 1986, ao fim de uma greve realizada na metalúrgica Kadron (que durou nove dias), um grupo de trabalhadores metalúrgicos indignados fundou a Associação dos Trabalhadores nas Indústrias de Amparo e Região, selando o que seria um embrião do SindMetal.
O primeiro presidente eleito foi o metalúrgico Acir Rosa de França que permaneceu no cargo por apenas um mês. Assume como presidente o então tesoureiro, Rubens Ribeiro da Silva, cunhado de Márcia.
Com a criação da Associação, os trabalhadores começaram a se mobilizar. O medo foi dando lugar à consciência em perceber que a união trazia resultados positivos. Neste período ocorreram duas importantes greves na Pacetta. O objetivo do movimento era reivindicar aumento nos salários e conquistas sociais. Organizados, eles fizeram várias passeatas pela cidade e receberam apoios, principalmente do setor do comércio que, diante da drástica situação, concederam anistia aos operários em luta. Com os trabalhadores unidos para defender seus direitos, os patrões não tiveram outra saída a não ser fechar acordos atendendo às reivindicações dos trabalhadores.
No final de 1987, ocorre outra importante greve na Faza Zinser, onde a principal reivindicação era o pagamento das horas-extras. Daí por diante, várias greves surgiram, fortalecendo, até hoje, a organização e mobilização dos trabalhadores metalúrgicos da Região. E os trabalhadores ganham, então, voz ativa para reivindicar seus direitos.
O Sindicato dos Metalúrgicos de Jaguariúna e Região foi fundado em 20 de maio de 1988, dois anos após a fundação da Associação. Tão logo surgiu, o Sindicato se desfiliou da Federação dos Metalúrgicos do Estado de São Paulo e agregou-se à CUT (Central Única dos Trabalhadores) pois, naquele momento, a central petista possuía extrema importância na luta trabalhista. Naquela época, a sede do novo sindicato funcionava em Amparo em uma modesta casa alugada.
A entidade deu início a um período de grande investimento na formação e conscientização dos trabalhadores da base: agendou seminários sobre os direitos trabalhistas e sociais, participou de cursos de formação sindical, criou processos de CIPA’s nas empresas, aumentou as campanhas de sindicalização e criou o Boletim Unidade e Luta, em 1989, uma ferramenta de grande importância para levar informação aos trabalhadores. No ano seguinte, com os resultados começando a despontar, foi comprado o primeiro veículo da entidade e um carro de som para as assembléias.
A primeira eleição do Sindicato aconteceu em 1991. Duas chapas disputaram o processo. A chapa da situação, encabeçada por Rubens Ribeiro da Silva, o reconduz à presidência da entidade. Na segunda eleição, em 1994, assume como presidente o companheiro Mendonça. Nesta época, o Sindicato adquire um terreno em Amparo para sair do aluguel. Em 1996 começa a construção da Sede. Desde então, o Sindicato não para de crescer.
Em 1997, no decorrer da terceira eleição, a nova diretoria mantém os ideais de luta e os transforma em um processo que marcaria todo o futuro do Sindicato. Com a indignação de Márcia e a vontade de lutar dos demais companheiros foi-se desenhando uma entidade sonhada por muitos e realizada por poucos. A estrutura do sindicato começa a ficar cada vez maior e a “assustar” os patrões. Paralelamente, os trabalhadores que temiam participar de um sindicato começam a perceber que, quando se uniam à entidade, só lucravam mais nas negociações.
Com o aumento do número de associados, neste ano é comprado um terreno em Jaguariúna e, em 1999, começa a construção e a transferência da sede para este município, tendo em vista o elevado crescimento de indústrias que se estabeleceram na Região Metropolitana de Campinas.
Uma nova eleição acontece em 2000 e desta vez a diretoria enfrenta opositores que jogam pesado. Mas a chapa da situação, com um trabalho intenso dentro das fábricas e neste momento já reconhecido pelos trabalhadores, conquista novamente a vitória com 85% dos votos dos trabalhadores.
Com uma administração “pé-no-chão” cuidada com todo o carinho e extremamente responsável nas mãos de Sueli Passos Moreira, a mais antiga funcionária do SindMetal (atuante até hoje), aconteceram superávits constantes sem nunca haver endividamento. Isso foi fundamental para que a entidade prosseguisse com a capacitação e reforço de sua estrutura. Como resultado das contas equilibradas, em 2001 a entidade ganha a subsede de Pedreira e uma ampliação na subsede de Amparo.
Em 2008, o SindMetal passa por nova eleição de diretoria, sem chapa de oposição e desvincula-se da CUT, associando-se à então recém-criada Central das Trabalhadoras e Trabalhadores do Brasil. Ao mesmo tempo, o então presidente Edison Cardoso de Sá resolve se candidatar também às eleições municipais de Jaguariúna e consegue se eleger às custas dos trabalhadores metalúrgicos. Infelizmente, em pouco tempo o poder corrompeu a sua ideologia e, passo a passo, ele foi deixando seu compromisso com a categoria focando apenas em sua carreira pessoal. O resultado foi uma perda consecutiva de associados e pior: uma perda consecutiva de direitos, salários e garantias nas fábricas, uma vez que as negociações foram deixadas de lado com a máquina sindical focada toda no mandato de vereador.
No final de 2010 e após muito analisar todas as conseqüências, a diretoria decide por um basta nas decisões arbitrárias do ex-presidente. Por unanimidade, retiram-no do cargo e o remanejam para a diretoria plena. A princípio, o ex-presidente consentiu, chegando a publicar uma carta nos jornais de Jaguariúna dizendo sobre sua saída da entidade e que se dedicaria apenas à vereança. Mas depois de passados 3 meses, se fez de vítima, convocou novamente a imprensa, desta vez para dizer-se “vítima de um golpe”. Durante exatos 2 anos – e até às eleições de 2012 – o ex-presidente procura a justiça, a todo momento, para impedir todas as ações da diretoria. Derrotado em todas as ações, resolveu disputar as eleições sindicais de 2012 contra a atual direção e, apoiado pela central da Força Sindical, perdeu sua última chance de assumir novamente a presidência da entidade com mais de 70% dos trabalhadores elegendo a atual diretoria para o período de 2012 a 2016.
Distante do período turbulento que se iniciou em 2008, desde 2011 o sindicato passa a resgatar a luta e o respeito dos trabalhadores que haviam sido perdidos. Os resultados em números são mais que notórios: dobrou-se o número de associados e também o número de empresas que negociam PLR. A Campanha Salarial foi a melhor dos últimos anos, diversas fiscalizações obrigaram as empresas a reformularem seus espaços e maquinários. As contas do Sindicato, que estavam correndo o risco de ficar no vermelho de tantos “cabides” que o ex-presidente havia colocado dentro da entidade voltou a caminhar no azul. O trabalhador tinha, enfim, sua ferramenta de luta de volta às suas mãos.
Após 6 anos de total mudança político-administrativa da entidade, uma nova eleição acontece em 2016. Com apenas uma chapa inscrita, a atual diretoria encabeçada pelo presidente José Francisco Salvino – Buiú ganha as eleições com 95,5% de aprovação dos associados. Ainda que novamente o ex-presidente tenha tentado pela justiça inscrever uma chapa, desta vez apoiado pela CUT, sua chapa não seguiu o determinado pelo Estatuto da entidade, e foi cancelada, ficando apenas uma única chapa inscrita. Entretanto, apesar de chapa única, a aprovação foi quase unânime, o que mostra à diretoria que estão no caminho certo e que contam com a mobilização e apoio de praticamente todos os trabalhadores.
Funda-se a Associação dos Trabalhadores Metalúrgicos de Amparo
Funda-se o Sindicato dos Metalúrgicos de Amparo e Região; Acir Rosa de França assume a presidência
Rubens Ribeiro da Silva é eleito presidente e inicia o processo de engrandecimento do Sindicato
A entidade adquire uma sede própria em Amparo e sai do aluguel
José dos Santos, o "Mendonça", é aclamado novo presidente, e dá continuidade ao projeto de Rubens. Neste momento a sede é transferida para Jaguariúna.
Edison Cardoso de Sá é eleito presidente, mantendo as decisões anteriores da diretoria.
Início das construções da sede própria em Jaguariúna
Com chapa de oposição montada pela Força Sindical, a situação se reelege.
Duas quitinetes na Praia Grande são compradas para os trabalhadores e suas famílias.
Sem concorrência, Edison Cardoso de Sá é novamente conduzido à presidência. A diretoria resolve adquirir uma construção própria em Pedreira.
Fundação e instalação da Escola João Amazonas na sede de Jaguariúna
Mais duas quitinetes são adquiridas
Eleições sindicais também sem oposição. O então presidente se lança como candidato à vereador em Jaguariúna e é eleito. Início do período mais conturbado na diretoria desde sua fundação
O presidente é afastado pela diretoria, e José Francisco Salvino - Buiú, até então vice-presidente, assume o comando da entidade.
O Sindicato decide antecipar as eleições por assembleia com mais de 300 trabalhadores. As eleições de 2011 foram canceladas no tribunal pelo ex-presidente.
Com o ex-presidente encabeçando a chapa de oposição com a Força Sindical, a diretoria da "Democracia e Participação" leva mais de 70% dos votos e consolida José Francisco Salvino "Buiú" como presidente apoiado pela CTB, terminando de vez com os planos de retorno do ex-presidente e vereador.
Passados 4 anos e com aprovação total dos associados, a Chapa 1 - Unidade e Luta, encabeçada novamente por Buiú conquista a eleição e comanda a entidade até 2020.
Com a Reforma Trabalhista de Temer, após o Golpe, as dificuldades aumentam durante as negociações, mas a diretoria se mantém firme na luta pelos direitos.
Eleita a nova diretoria, mais um momento difícil atenua os problemas na luta sindical. A Pandemia de Covid-19 dificulta as ações nas fábricas.
Com a Pandemia já sob controle, a diretoria reforça o movimento sindical dentro das fábricas para combater os diversos problemas enfrentados por conta da Reforma Trabalhista. Apesar disso, uma conquista marcante dentro da Campanha Salarial faz com que os trabalhadores ganhem a reposição da inflação mais aumento real.
Sindicato Dos Trabalhadores Nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas E Materiais Elétricos
De Jaguariúna, Amparo, Pedreira, Serra Negra E Monte Alegra Do Sul - Sindmetal