Eleito em outubro passado e diplomado em dezembro, Lula foi formalmente empossado na tarde deste dia 1 de janeiro, ao lado de seu vice, Geraldo Alckmin, em sessão do Congresso Nacional, na Câmara dos Deputados.
Foto Ricardo Stuckert (site oficial do PT)
“Reconstruir o País e fazer de novo um Brasil de todos e para todos.” Assim Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se comprometeu a governar o Brasil a partir deste domingo (1/1), data em que inicia seu terceiro mandato como presidente da República. Eleito em outubro passado e diplomado em dezembro, Lula foi formalmente empossado à tarde, ao lado de seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), em sessão do Congresso Nacional, na Câmara dos Deputados.
“Nossa mensagem ao Brasil é de esperança e reconstrução”, declarou Lula, cuja gestão no Planalto sucederá o governo de destruição de Jair Bolsonaro (PL). “O grande edifício de direitos, de soberania e de desenvolvimento que essa nação levantou a partir de 1988 vinha sendo sistematicamente demolido nos anos recentes. É para reerguer esse edifício de direitos e valores nacionais que vamos dirigir todos os nossos esforços.”
O discurso de posse do presidente teve diversas referências à democracia. “Sob os ventos da redemocratização, dizíamos: ‘Ditadura nunca mais!”. Hoje, depois do terrível desafio que superamos, devemos dizer: ‘Democracia para sempre’”. A Constituição Federal de 1988 também foi reverenciada, sobretudo seu “amplo conjunto de direitos sociais, individuais e coletivos, em benefício da população e da soberania nacional”. Lula chegou a lembrar que foi deputado quando a “Constituição Cidadã” foi promulgada.
“Renovo o juramento de fidelidade à Constituição da República, junto com o vice-presidente Geraldo Alckmin e os ministros que conosco vão trabalhar pelo Brasil”, frisou. “Se estamos aqui hoje, é graças à consciência política da sociedade brasileira e à frente democrática que formamos ao longo desta histórica campanha eleitoral. Foi a democracia a grande vitoriosa nesta eleição.”
O novo presidente criticou duramente Bolsonaro e “a devastação” imposta ao Brasil sob seu governo. Segundo Lula, “nunca os recursos do Estado foram tão desvirtuados em proveito de um projeto autoritário de poder”. O legado é o de “destruição de políticas públicas que promoviam a cidadania, os direitos essenciais, a saúde e a educação”.
Lula assegurou que todos que cometeram crimes sob o governo Bolsonaro – como a negligência no combate à pandemia de Covid-19 – serão julgados e punidos. Para o petista, seu antecessor liderou uma gestão “negacionista, obscurantista e insensível à vida. As responsabilidades por este genocídio hão de ser apuradas e não devem ficar impunes”.
Embora tenha agradecido ao Congresso pela aprovação da PEC do Bolsa Família, Lula recordou que o Orçamento 2023 não dispõe, ainda, de “recursos para a merenda escolar, a vacinação, a segurança pública, a proteção às florestas, a assistência social”. Além de denunciar o descompromisso de Bolsonaro, Lula prometeu revogar a “estupidez” do Teto de Gastos para “recompor” os orçamentos de áreas sociais como a Saúde e a Educação. “Este é o investimento que verdadeiramente levará ao desenvolvimento do País.”
Lula, em contrapartida, renovou seu “compromisso com a responsabilidade, a credibilidade e a previsibilidade”, evocando seus dois mandatos presidenciais anteriores. “Foi com realismo orçamentário, fiscal e monetário, buscando a estabilidade, controlando a inflação e respeitando contratos, que governamos este país. Não podemos fazer diferente. Teremos de fazer melhor.”
Em aceno à delegação recorde de autoridades estrangeiras presentes à cerimônia de posse, Lula sublinhou sua preocupação com a política externa. “Os olhos do mundo estiveram voltados para o Brasil nestas eleições. O mundo espera que o Brasil volte a ser um líder no enfrentamento à crise climática e um exemplo de país social e ambientalmente responsável.”
Conforme Lula, o “protagonismo” do Brasil “se concretizará pela retomada da integração sul-americana a partir do Mercosul, da revitalização da Unasul e demais instâncias de articulação soberana da região”, além de um novo “diálogo altivo e ativo com os Estados Unidos, a Comunidade Europeia, a China, os países do Oriente e outros atores globais”.
“O Brasil tem de ser dono de si mesmo, dono de seu destino, tem de voltar a ser um país soberano”, disse Lula. “Somos responsáveis pela maior parte da Amazônia e por vastos biomas, grandes aquíferos, jazidas de minérios, petróleo e fontes de energia limpa. Com soberania e responsabilidade, seremos respeitados para compartilhar essa grandeza com a humanidade – solidariamente, jamais com subordinação.
O fim do discurso foi em tom de mobilização democrática. A política, segundo Lula, “é o melhor caminho para o diálogo entre interesses divergentes, para a construção pacífica de consensos”. Eleito com mais de 60 milhões de votos, Lula afirmou que governará o Brasil “com a força do povo e as bênçãos de Deus”, a fim de “reconstruir este país”. E concluiu: “Viva a democracia, viva o povo brasileiro”.
Por: André Cintra – Portal Vermelho
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